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Este estudo analisa a dimensão geopolítica dos objetos celestes — como satélites, meteoros e fenômenos não identificados — e sua operação enquanto alegorias de intervenção estrangeira. O ponto de partida é o longa-metragem brasileiro O Homem do Sputnik (1959), que insere o primeiro satélite artificial da história, lançado pela União Soviética em 1957, em uma narrativa paródica e crítica. A pesquisa desenvolve-se por meio da justaposição de imagens autênticas, materiais de arquivo e cenas cinematográficas, examinando os regimes de visibilidade que envolvem a percepção desses fenômenos no espaço atmosférico e orbital. A investigação se estende a outros eventos celestes registrados no Brasil desde 1952, evidenciando como tais ocorrências mobilizam repertórios simbólicos ligados à vigilância tecnocientífica. O título do projeto faz referência direta a uma das cenas do filme O Homem do Sputnik.

Desenvolvida a partir da filmografia da Cinemateca Brasileira e do Fundo Objeto Voador Não Identificado, pertencente ao Arquivo Nacional do Brasil, a pesquisa foi selecionada para apresentação em formato de pôster acadêmico no 5º Cine-Fórum, promovido pelos programas de pós-graduação em Letras da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e em Cinema e Artes do Vídeo da Universidade Estadual do Paraná, no GT4: Arte, Performances e Representações.

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Como desdobramento das investigações desenvolvidas no âmbito deste projeto, foi realizada uma análise de documentos vinculados ao espaço atmosférico e orbital brasileiro, com ênfase na emergência e circulação de distintas categorias de fenômenos, sejam eles naturais, artificiais ou ficcionais, como meteoros, satélites e objetos não identificados. Parte-se da hipótese de que essas manifestações integram repertórios simbólicos e operam articulações entre dimensões tecnológicas, culturais e políticas. Para o desenvolvimento dessa abordagem, adotou-se um referencial interpretativo de orientação fenomenológica. O corpus empírico da pesquisa foi composto por seis casos, selecionados em razão de sua relevância histórica e da densidade informacional que apresentam: os avistamentos registrados na Barra da Tijuca em 1952; os episódios fotográficos na Ilha da Trindade em 1958; a Operação Prato, conduzida pela Força Aérea Brasileira entre 1977 e 1978; o incidente conhecido como Caso Varginha, ocorrido em 1996; a Missão Espacial Amazônia 1, desenvolvida em 2021; e, ainda nesse mesmo ano, o impacto de um meteoro no estado do Paraná.

Departamento de Pesquisas Interplanetárias

Vídeo-montagem composta por recortes do filme dirigido por Carlos Manga, imagens de satélites, meteoros e objetos não identificados, combinados a documentos de arquivo referentes ao Sputnik 1 e a outros materiais correlatos. Esses elementos são exibidos em um televisor de tubo da década de 1950, juntamente com impressões a laser sobre papel ofício.

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